Como o blog é novo, e ainda tô ajeitando umas coisas, vou postar três dos meus textos favoritos do meu antigo blog, e amanhã ou depois de amanhã, estarei postando os novos.
Espero que gostem.
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Acordo. Olho para a janela. Tento evitar a mudança que ocorre lá fora. Inevitável. As flores começam a aparecer. Chega a estação do amor, aquela que já foi minha estação. Primavera. A estação em que te conheci. Naquele belo dia de setembro. Levantei e fiquei encarando a janela, lembrando das épocas de juventude, de quando nosso amor era vivo. Eu era sua. Você era minha. Relembrava das nossas caminhadas no parque. Observávamos as flores e os passarinhos que cantavam. Nos encantávamos com cada momento ali vivido. Tudo era perfeito, como em um conto-de-fadas. Conseguia ainda sentir o cheiro daqueles tantos anos atrás. Pensava em quando nós deitávamos na grama e planejávamos nosso futuro. Lindo. Intenso. Romântico. Eu caía em um abismo sem fundo. O abismo do seu olhar penetrante, do seu sorriso contagiante, do nosso amor.. Corríamos pelos campos de margaridas, sua flor favorita. Seu olhar brilhava quando eu te dava uma flor. Você me olhava como se eu fosse tudo que você precisava. Como se eu soubesse de cada pedacinho de você. Cada vontade, cada desejo, cada anseio, cada impulso. Parecia que a primavera era feita para nós. Só para nós. Foi assim durante diversos anos. Suspirei. É, era uma época muito boa. Sentei na minha cadeira de balanço. Uma lágrima escorreu em meu rosto. Estava feliz e triste. Com saudade, muita saudade. Eu já deveria estar mais acostumada. Tantos anos se passaram... Você sumiu da minha vida, antes da nossa primavera. Na estação mais fria do ano. Inverno. Você me disse que não dava mais, que precisava de novas primaveras. Seus olhos fixaram no meu por uns segundos. Virou a cabeça e saiu andando rapidamente, como quem não tivesse certeza do que fazia, e tinha medo de voltar atrás. Respirei fundo. Tentei chamá-la, mas a voz não saía. Fiquei parada por uns segundos, minutos, horas, nunca vou saber, mas parecia uma eternidade. Nunca esquecerei daquele trágico dia. A partir daí, nunca mais consegui ver minha estação como a mesma. Foi um outono por um tempo.. Me comparei às folhas caindo. Eu caía e não levantaria jamais. Mas não poderia acontecer assim. Porém, ao mesmo tempo, eu estava impossibilitada de sentir o que eu já havia sentido, naquelas primaveras. Então, vivo em um constante e gélido inverno. Inspirando e expirando o ar frio. Congelando meu corpo, minha alma e meu coração. Nunca mais fui a mesma. Tento me conformar com esse fato, mas é difícil demais. A primavera para mim se tornou algo indiferente. Agora, minha estação é a estação da dor, do gelado, do insensível. Tento não deixar o passado tomar conta de mim. Acabou. Pertenço agora a uma nova estação.